quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fibromialgia: Invisível só para quem não sente



A fibromialgia é a uma doença dolorosa generalizada e crônica. É considerada uma síndrome porque além de manifestações clínicas como dor, o paciente ainda sofre com fadiga, indisposição, distúrbios do sono, trauma ou lesões físicas em nervos e medula, infecções virais, anormalidades no sistema nervoso autônomo, lesões musculares e estresse psicológico, além da tendência a estados depressivos.

A doença revela-se com dores localizadas em vários pontos do corpo os chamados Tender Point. Há 18 deles pré-determinados no corpo, se 11 estiverem dolorido a doença é diagnosticada, as dores nesses pontos surgem espontaneamente, ou aparecendo por simples compressão local. Esses pontos musculares são os mais sensíveis e essa sensibilidade pode variar de paciente para paciente, onde alguns pontos são mais sensíveis que outros.

Eles podem doer, inclusive com o descanso demorado, após a prática de algum exercício físico, durante a noite descontinuando o sono, ou mesmo em situações de tensão e angústia. A fibromialgia é muito mais comum entre as mulheres e afeta em torno de 5% da população. É uma doença que inflige grande sofrimento físico e emocional, prejudicando o desempenho no trabalho e na vida social. Apesar dos sintomas variarem, com períodos de maior e menor dor, eles nunca desaparecerem por completo.

Os sintomas podem variar, dependendo do clima, emocional, estresse, atividades físicas ou até mesmo período do dia. E entre os sintomas mais comuns encontraremos a dor difusa, a dor é a principal característica da fibromialgia e pode persistir por meses. A dificuldade de movimento, frequentemente a dor é acompanhada por dificuldade de movimentar a região afetada, causando uma restrição do movimento completo. A fadiga, uma sensação de cansaço crônico, como se o corpo não estivesse completamente repousado. Insônia ou sono não reparador, os distúrbios do sono estão fortemente relacionados com a sensação de fadiga e cansaço, pois os fibromiálgicos precisam de um sono restaurador. Intestino irritável,
constipação, diarreia, dor abdominal e gases são comuns em pacientes com fibromialgia.

Dor de cabeça e na face, a fibromialgia leva a cefaleia e dor facial, além de tensões na nuca e ombros. Uma disfunção temporomandibular, que afeta a mandíbula e os músculos próximos também nos pacientes e a sensibilidade aumentada ou intolerância a ruído, toque, luz ou odor.

Ainda hoje as pessoas que apresentam dor generalizada e uma série de queixas mal definidas não são levadas muito a sério. Por vezes problemas emocionais são considerados como o fator determinante desse quadro ou então um diagnóstico nebuloso de “fibrosite” é estabelecido.

Isso porque acredita-se que haja o envolvimento de um processo inflamatório muscular, daí a terminação “ite”. Embora tenham nomenclaturas semelhantes Fibromialgia e Fibrosite, são doenças diferentes.

A Fibrosite é um termo que tem sido aplicado a um complexo sintomático pouco definido que é caracterizado pela dor e pela rigidez em diversas áreas, mais comumente no pescoço, na cintura escapular e na face posterior do tronco.

Já a fibromialgia pode ser considerada uma forma de reumatismo associada à sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo doloroso. Cabe usar o termo reumatismo devido o fato de que a fibromialgia envolver músculos, tendões e ligamentos. Porém, é importante salientar que a fibromialgia não é uma doença progressiva, nem letal. O diagnóstico correto, tratamento adequado e suporte podem melhorar em muito os sintomas desta doença, garantindo saúde e qualidade de vida.

Apesar da fibromialgia não ser uma doença fatal, ou seja, que leve a morte, seus prejuízos são enormes. A fibromialgia leva a uma deterioração do estado físico e psicológico, que pode desencadear outras doenças ou prejudicar o tratamento de doenças existentes que pode e prejudica não só a qualidade de vida como principalmente o desempenho profissional, havendo casos onde o paciente precise abandonar suas atividades, motivos esses que plenamente justificam o fato de que o paciente precisa ser levado a sério em suas queixas.

A partir da década de 80 pesquisadores do mundo inteiro têm se interessado pela fibromialgia.
Mas seu diagnóstico ainda hoje é difícil, pois não existe um exame laboratorial específico.

O que faz com que muitos pacientes e médicos a denomine como uma doença invisível. Na maioria das vezes o paciente portador de fibromialgia já passou por diversos consultórios e realizou diversos exames que não chegaram a nenhum resultado que explicasse os sintomas.
E como não existem exames complementares que comprovem ou por si só confirmem o diagnóstico, a experiência clínica do profissional que avalia o paciente com fibromialgia é fundamental para o sucesso do tratamento e a principal causa de más interpretações e diagnósticos equivocado por parte de muitos médicos é a falta de conhecimento a respeito da severidade dessa doença.

Não é raro o desconhecimento também de grande maioria da população com relação à fibromialgia, suas causas, sintomas e consequências, e isso leva a descriminação e preconceito de pessoas que não entendem e desconhecem a doença, ao ponto de julgarem os pacientes com fibromiálgicos, acusarem de fazer “corpo mole” diante do trabalho, ou mesmo tacharem de vagabundos, fato que torna a doença ainda mais dolorosa para os pacientes.

Alguns estudos foram publicados, inclusive critérios que auxiliam na análise dessa síndrome, diferenciando-a de outras condições que acarretem dor muscular ou óssea. Esses critérios valorizam a questão da dor generalizada por um período maior que três meses e a presença dos tender points.

Diferentes fatores, isolados ou combinados, podem favorecer as manifestações da fibromialgia, dentre eles doenças graves, traumas emocionais ou físicos e mudanças hormonais. Assim sendo, uma infecção, um episódio de gripe ou um acidente de carro, podem estimular o aparecimento dessa síndrome. Por outro lado, os sintomas de fibromialgia podem provocar alterações no humor e diminuição da atividade física, o que agrava a condição de dor.

Não é um fato desconhecido que muitos pacientes com fibromialgia sofrem de distúrbios de humor, especialmente depressão. Alguns estudos já mostram que 30 a 40% dos pacientes apresentam depressão logo após constatarem a doença e que quase 60% no decorrer das suas vidas. Também a influência da depressão na percepção da dor é bem reconhecida – instintivamente sentimos que um paciente com depressão queixa-se mais de dor. Com métodos mais refinados de avaliação do processamento da dor no sistema nervoso central pode-se avaliar em que locais do encéfalo a depressão está atuando.

A presença de sintomas depressivos ou mesmo o diagnóstico de depressão maior não tem correlação com os níveis de dor. Porém, a presença de depressão esteve associada com a ativação de áreas relacionadas com o processamento afetivo-motivacional da dor. Estes dados sugerem que existem organizações paralelas e de alguma maneira independentes de processamento da dor nas suas características sensoriais e afetivas. Isto implica que o tratamento da depressão não necessariamente terá um impacto na dimensão da dor, mas sim no aspecto da emoção relacionada a ela.

O tratamento idealmente é feito com uma equipe multidisciplinar, um reumatologista, um fisioterapeuta e um psicólogo ou psiquiatra são alguns dos médicos que devem acompanhar o tratamento dos pacientes com fibromialgia.

Exercícios físicos aeróbicos e musculação melhoram a qualidade de vida e diminuem a intensidade das dores. Também é de tamanha importância evitar álcool, cigarros e cafeína. Inúmeras drogas podem ser usadas como analgésicos, anti-inflamatórios, antidepressivos e os neuromoduladores. Drogas que ajudam a dormir também são importantes, já que uma das teorias atuais é de que problemas relacionados ao sono podem colaborar com o aparecimento da fibromialgia.

Já existe uma petição pública formulada por um grupo de pacientes que pede o reconhecimento da fibromialgia como uma doença crônica e incapacitante que impõe limitações, tanto na vida profissional como na vida privada, onde então os pacientes com fibromialgia poderiam entrar com pedidos de aposentadoria por incapacidade, a petição consta no site Petição Pública e aguarda aprovação.



*Texto da blogueira e jornalista: Danny Montenegro. Agradecemos o envio da matéria.
Vc tem algo que queira compartilhar com o Amélias de Salto? Entre em contato enviando um email.

5 Comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Danny, pelo esclarecedor artigo. Tirou muitas dúvidas que eu ainda tinha sobre a Fibromialgia. Espero que outros tenham acesso a este material e possam, como eu, terem suas dúvidas sanadas. Abraço!!!

Anônimo disse...

Olá Danny

Infelizmente essa não é a única doença que as pessoas desinformadas julgam erradamente.
A bipolaridade e todas as outras doenças mentais e comportamentais e etc.
Isso acontece não só na questão doença, mas em todas as áreas da vida.
As pessoas gostam muito de julgar o comportamento dos outros e suas escolhas. Por ignorância é claro.
Julgam as roupas, a aparência,a profissão, se tem tatuagens, se são diferentes e etc.
Uma falta total de inteligência e sensibilidade.

Abraços
Balaio Variado

cecilia disse...

Danny,muito esclarecedor esse texto!!Está excelente!!Parabéns!!Gostei da idéia da petição pública,podíamos fazer uma aqui para o Brasil!Bjs

Eloisa Floriano Fasulo disse...

Danny,tenho firomialgia e sei exatamente do que está falando.
Hoje por exemplo estou o meio de uma crise daquelas!
Mas não me entrego e nem paro,é pior.
Tomara que esta petição seja aprovada,eu já tentei a aposentadoria ,mas os médicos te olham como vc estivesse falando grego,ou de algo que só ocorre na sua cabeça,principalmente quando vc não tem aquela cara de sofrimento.Querem te encher de anti depressivos e marcam outra perícia.Desanimei de vez.
Tenho uma amiga que conseguiu aposentar depois de passar por inúmeras pericias bastante constrangedoras.
Abraços.

Beatriz disse...

Oi, tenho fibromialgia e adorei seu texto.
Falei sobre isso em meu blog no dia 11/04, segunda-feira.
http://eoutrascoisitasmais.blogspot.com/.
Já assinei a petição e queria saber se posso divulgar seu texto no meu blog.
Meu email é accvalle@ibest.com.br
Um abraço.

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